Das confissões da carne às redes confessionais
As relações entre as práticas de si na era digital e a ascensão da extrema-direita no cenário político contemporâneo
DOI:
https://doi.org/10.36592/opiniaofilosofica.v11.978Palavras-chave:
Michel Foucault; Bernard Harcourt; Redes sociais. Subjetivação. Governamentalidade.Resumo
Nosso trabalho tem por escopo desenvolver, a partir do pensamento de Michel Foucault, uma abordagem contemporânea da experiência de si no âmbito das redes sociais e sua relação com a ascensão de movimentos de extrema-direita no cenário político atual. Procuraremos sustentar o argumento de que, na era digital, a experiência de si através de um processo de ajustamento, de reconfiguração da identidade, está profundamente ligada à ascensão de discursos de extrema-direita, na medida em que a coleta e comercialização dos dados individuais – impulsionadas pelas tecnologias algorítmicas –, facilitaram tanto a transformação e modulação do self, quanto a sua posterior canalização em “bolhas de ódio”. Se, conforme Bernard Harcourt, essa nova experiência de si opera através de uma lógica doppelgänger, ou seja, modula as preferências individuais com base na interatividade e nas relações que estabelecemos uns com os outros, nossa tese procurará avançar no argumento, de forma a compreender esse processo de mortificação a partir dos novos modos de subjetivação possibilitados com o advento e a normalização das redes sociais, dispositivos que nos convocam a ver e falar, a construir nossas verdades através de uma prática de si na forma de uma confissão.
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