Cosmologia e ética
a crítica cosmológico-ética de Giordano Bruno aos conquistadores da América no De Immenso (1591)
DOI:
https://doi.org/10.36592/opiniaofilosofica.v11.959Palavras-chave:
Giordano Bruno . Aristóteles . América . cosmologia . ética .Resumo
O presente artigo tem como ponto de partida a investigação de como um sistema cosmológico específico pode determinar um sistema ético e moral específico. Demonstraremos isso através de uma análise da crítica do filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600) ao descobrimento da América em seu livro De Triplice Immenso et Mensura (1591). Bruno insere o problema da descoberta da América como uma descoberta semelhante aos novos feitos celestes de sua época, nos quais a visão apocalíptica da América poderia ser julgada como resultado de uma falsa cosmologia e antropologia, uma errônea concepção das relações humanas com a divindade.
Na primeira parte apresentaremos o efeito nefasto decorrente de um princípio errado, ou seja, a conquista da América sob dois pontos centrais. Primeiro, como Cristovão Colombo inseriu a descoberta da América no esquema apocalíptico do final dos tempos. Segundo, apresentaremos alguns pontos que foram o cerne do debate na Europa do século XVI sobre se os povos indígenas deviam ou não serem escravizados e convertidos ao cristianismo através de relatos da disputa de Valladollid .
Numa segunda parte, apresentamos o princípio de tal efeito nefasto segundo Bruno, ou seja, a cosmologia e filosofia natural de Aristóteles no De Caelo.
A terceira parte, a qual daremos maior ênfase, expõe a crítica de Giordano Bruno no De Immenso (1592), obra cosmológica, onde o filósofo argumenta contra a cosmologia aristotélica. Nosso foco é em como Bruno constrói um argumento filosófico em que uma concepção cosmológica errada de um cosmos fechado, hierárquica, ordenada do mais denso ao imaterial, resulta num sistema ético violento e injusto, uma moral que idealiza um lugar literalmente mais “alto”, o céu dos deuses, e um lugar literalmente mais baixo, morada dos corpos perenes e dos seres pecadores, nossa morada.
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