A dialética da crise econômica nas seções II e III do livro III d’O Capital de Marx

Autores

  • Fernando Frota Dillenburg

DOI:

https://doi.org/10.36592/opiniaofilosofica.v8i2.803

Resumo

No presente artigo a crise do capital é exposta seguindo o método dialético utilizado por Marx. A queda tendencial da taxa de lucro seria uma forma abstrata e superficial da compreender a crise econômica, uma vez que esta tendência não indica o momento da crise. Este momento é determinado pela queda da massa de lucro, que decorre, por sua vez, da pletora do capital, ou seja, do excesso de capital em operação. A atividade excessiva do capital provoca uma elevação da demanda por força de trabalho, reduzindo o desemprego e aumentando, com isso, o poder de barganha dos trabalhadores para conquistar melhores salários. Quando o aumento dos salários não é compensado pela magnitude da acumulação do capital há a diminuição da massa de lucro, o que torna injustificável, do ponto de vista do capital, a realização de novos investimentos produtivos. Eis o momento da crise. A acumulação do capital é interrompida quando os capitalistas deixam de investir. Esta concepção da crise demonstra que o capital é incapaz de suportar, de maneira generalizada, a redução do desemprego e a elevação dos salários. Em outras palavras, quando a classe trabalhadora começa a melhorar suas condições de vida, o capital entra em crise. Para superar a crise, o capital freia a acumulação, força a falência de empresas, demite trabalhadores, reduz os salários, para, com isso, recuperar a curva ascendente da massa de lucro, seu único objetivo. A solução da crise, no entanto, não ocorre sem conflitos. As demissões em massa e a redução dos salários acentuam as contradições entre as classes, pois representam um retorno ao princípio que fundamenta o capitalismo desde a sua origem, a separação violenta entre os trabalhadores e os meios de produção indispensáveis à produção de sua sobrevivência. Por isso, a violência originária contida nas demissões em massa faz das crises do capital momentos privilegiados para a superação deste modo de produção baseado no lucro.

Downloads

Publicado

2018-01-24

Como Citar

Dillenburg, F. F. (2018). A dialética da crise econômica nas seções II e III do livro III d’O Capital de Marx. Revista Opinião Filosófica, 8(2), 225–250. https://doi.org/10.36592/opiniaofilosofica.v8i2.803